AUTOR

Julião Quintinha

Biografia

Julião Quintinha, nasceu em Silves a 19
de Dezembro de 1885 e faleceu em Lisboa a 23 de Julho de 1968, com 82 anos de
idade.

Começa a
trabalhar desde bastante jovem, como operário, em Silves, mais tarde aprende o
ofício de alfaiate, tendo estabelecimento aberto na cidade, que o vai ocupar
até à implantação da República.

Em 9 de
Novembro de 1907, casou civilmente, na cidade de Silves, tendo como testemunhas
do seu casamento outro dos importantes republicanos de Silves, Gregório Nunes
Mascarenhas Netto (ou Mascarenhas Gregório).

Dedicou-se à
colaboração com jornais, inicialmente nos periódicos republicanos locais e
depois como correspondente de órgãos republicanos de Lisboa. Demonstrava grande
esperança no novo regime, defendendo a sua implantação e fazendo propaganda a
favor da causa republicana, participando em comícios. Esta circunstância
permitiu-lhe o contacto com os mais conhecidos homens de letras de Portugal,
particularmente os que eram ligados ao Partido Republicano.

Juntamente com
Henrique Martins fundou e dirigiu a Alma Algarvia até que o governo republicano
o nomeou administrador do concelho de Portimão e de Silves para o biénio de
1912 - 1914. Neste ano foi escolhido por concurso público para o lugar de chefe
da Secretaria da Câmara Municipal de Silves onde se manteve até 1920, quando se
demite e parte para Lisboa com o objectivo de tomar posse do lugar de inspector
de uma companhia de seguros.

Participou no
Congresso do Algarve, realizado em 1916, apresentando uma tese intitulada
Assistência à Mendicidade, onde manifestava as preocupações sociais que o
acompanharam ao longo da vida. Mais tarde envolveu-se em polémica com Alfredo
Pimenta, publicando um folheto A Solução Monárquica do Sr. Alfredo Pimenta
(1916); No Fim da Guerra. Comentário político (1917).

A partir de
1920 começa a dedicar-se ao jornalismo de forma profissional e colabora com
diversos periódicos, entre eles destacam-se O Século, Diário Popular, O Diabo,
Mala da Europa, Actualidades e Diário Liberal.

Como chefe de
redacção pertenceu ainda ao Diário da Tarde, Diário da Noite e Jornal da
Europa. Colaborou ainda com o Diário do Alentejo, Tribuna, de Santos (Brasil),
Diário Liberal, A Batalha, Rebate, O Primeiro de Janeiro, Diário de Lisboa,
Globo, Bejense, Ilustração Portuguesa, Seara Nova, Voz do Sul, Província de
Angola, Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e redactor do República de cuja
redacção foi sub-chefe.

Notabilizou-se,
pelos seus relatos de viagem em África, quando em 1925, em representação do
Jornal da Europa percorre durante dois anos as colónias portuguesas, o Egipto,
o Índico, Mar Vermelho e Mediterrâneo. Durante esse período escreveu dezenas de
reportagens e diversos livros, tendo em 1930 recebido o prémio de Literatura
Ultramarina com a sua obra A Derrocada do Império Vátua e Mouzinho de
Albuquerque. Também os seus livros África Misteriosa (1928) e Ouro Africano
(1929) foram bastante aplaudidos.

Escreveu também
alguma ficção com obras como: Vizinhos do Mar (1921); Terras de Fogo (1923);
Cavalgada de Sonho (1924); e Novela Africana (1933); no género reportagem
publicou também Terras de Sol e da Febre (1932), e uma colectânea de estudos
literários intitulada Imagens de Actualidade (1933). Como jornalista bastante
conhecido foi também um defensor da sua classe sendo eleito por várias vezes
para presidente do Sindicato dos Jornalistas e da Casa da Imprensa.

Pertenceu à
geração que conhece as influências do Neo-Realismo, torna-se amigo de Ferreira
de Castro, Assis Esperança, entre outros.

Durante o
Estado Novo teve alguns problemas com a polícia política (PIDE) que lhe moveu
apertada vigilância e algumas situações desagradáveis. Como era conhecido
oposicionista, fez parte da Comissão Cívica Eleitoral. Sabe-se o apoio de
concedeu à candidaturas goradas de Cunha Leal e de Ferreira de Castro, em 1958,
antes de se confirmar a candidatura de Humberto Delgado.[José Pacheco Pereira,
Álvaro Cunhal. Uma Biografia Política. O Prisioneiro (1949-1960), Círculo de
Leitores, Lisboa, 2005, p. 604-605].

Durante a
década de cinquenta, do século XX, era um dos frequentadores habituais que se
reuniam em tertúlia na Pastelaria Veneza, em Lisboa. Desse grupo faziam parte
Ferreira de Castro, Luís da Câmara Reis, Roberto Nobre, Augusto Casimiro, entre
outros [António Pedro Vicente, "Arlindo Augusto Pires Vicente",
Dicionário de História do Estado Novo, vol. II, Dir. Fernando Rosas e José
Maria Brandão de Brito, Bertrand Editora, Lisboa, 1996, p. 1006-1008]

Pertenceu à Maçonaria, tendo sido iniciado em
Portimão, no triângulo nº 198, que ali existia em 1912, tendo o nome simbolico
de Danton [A.H. Oliveira Marques, Dicionário de Maçonaria Portuguesa, vol. II,
Editorial Delta, Lisboa, 1986, col. 1184].

Obras